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Avianca apresenta-se à insolvência

A companhia aérea colombiana Avianca apresentou-se à insolvência, num Tribunal de Nova Iorque, nos EUA, com o objetivo de conseguir um adiamento do prazo de pagamento a vários credores, conseguindo tempo para vender parcelas da empresa ou reorganizar as suas dívidas, que se estimam entre mil e dez mil milhões de dólares.

Ainda que a crise financeira na empresa já fosse pública desde o ano passado, uma vez que o presidente da administração do grupo, Roberto Kriete, afirmou, numa reunião com executivos (num vídeo divulgado no Youtube), que a empresa estava “falida”, a crise socioeconómica gerada pela pandemia de Covid-19 agudizou as dificuldades da transportadora, que falhou o prazo de reembolso de uma emissão obrigacionista no valor de 65 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros), que se vencia no passado domingo, dia 10 de maio de 2020.

Desde março, altura em que o presidente colombiano Ivan Duque fechou o espaço aéreo do país, que mais de 140 aeronaves estão em terra, provocando um corte superior a 80% nos lucros da empresa.

A transportadora tem uma equipa composta por mais de 20 mil trabalhadores, que na sua maioria, já estão em lay-off.

Fundada há 100 anos, em Barranquilla, esta companhia aérea é a segunda mais antiga do mundo, criada em dezembro de 1919, apenas dois meses mais tarde do que a homóloga holandesa KLM, e está cotada na bolsa de Nova Iorque desde novembro de 2013.

Em comunicado, o presidente executivo da empresa, Anko van der Werff, sublinhou que “a Avianca está a enfrentar a crise mais difícil” da sua história.

A empresa já tinha pedido insolvência no início dos anos 2000, tendo sido resgatada pelo milionário boliviano German Efromocivh, dono da petrolífera Synergy Group, que chegou a disputar com David Neeleman a compra da TAP em 2015, e que já em 2012 tinha visto uma proposta pela empresa portuguesa recusada porque não conseguiu apresentar garantias bancárias.

Foi sob o comando do milionário que a Avianca Holdings se expandiu, mas também se endividou para conseguir fazê-lo. No ano passado, a ultra-endividada Avianca Brasil dirigida por Efromovich (que não fazia parte da Avianca Holdings e pagava direitos para usar a marca) entrou igualmente com um pedido de reestruturação que ainda corre na justiça brasileira. A Avianca Argentina, também detida pelo empresário, teve de cessar operações.

Segundo o seu site, a Avianca inaugurou em 2014 a rota Londres-Bogotá e, em 2018, passou a operar a partir de Munique, sendo que neste ano transportou mais de 30 milhões de passageiros.

No ano passado, Efromovich foi afastado da gestão do grupo, sendo que a United Airlines lhe concedeu, em 2018, um empréstimo de 450 milhões de dólares, que tinha como garantia as ações do empresário.

Quando, em 2019, a empresa deu prejuízos de 68 milhões de dólares no primeiro trimestre, e as ações desvalorizaram, a United conquistou os direitos de voto de Efromovich, ainda que formalmente este continue a ser o detentor dos títulos.

Agora, se a Avianca falir, a United Airlines pode perder até 700 milhões de dólares em empréstimos que não recuperará.

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